quarta-feira, 16 de maio de 2007

"Tudo o que é dito, é dito por um observador" 1


"Cada objeto do mundo, amado por seu valor, tem direito a seu próprio nada.
Cada ser verte do ser um pouco de ser, a sombra do seu ser, em seu próprio não-ser. Então, na sutileza dos acordos que um filósofo de ultradevaneios percebe entre os seres e os não-seres, o ser do olho do gato pode ajudar o não-ser da vela.
O espetáculo de um Camões escrevendo no meio da noite era muito grande! Tal espetáculo tem sua própria duração. O próprio poema quer esperar seu término, o poeta quer alcançar sua meta. No momento em que a vela desfalece, como não notar que o olho do gato é um porta-luz? O gato de Camões certamente não se sobressaltou quando a vela morreu. O gato, este animal vigilante, este ser atento que observa dormindo, continua a vigília de conceder luz com o rosto do poeta iluminado pelo gênio"
- Gaston Bachelard in A chama de uma vela

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