sexta-feira, 11 de maio de 2007

Caminhando...

Porque é caminhando que se faz o caminho.
Esta paisagem é a grande protagonista, uma paisagem construída no branco que nos transporta à idéia de vazio. Neste mundo de poluição visual em que estamos imersos este vazio é necessário para limpar o olhar e entrar dentro de uma paisagem mais introspectiva.
A paisagem é também protagonista milenar na pintura oriental que trabalha intensamente com a idéia de vazio. O olho do observador deve completar o vazio, o pintor nunca deve mostrar tudo, mas deixar espaço para a imaginação e o mistério. O vazio faz parte da pintura como o silencio da música. Mostrar demais é sempre vulgarizar e as imagens orientais são sutis.
Na história da pintura ocidental, ao contrário, a paisagem é um motivo muito mais recente e veio proporcionar o surgimento da pintura abstrata. Os primeiros pintores abstratos do início do século XX foram paisagistas.
Foram mostradas muitas imagens de fotos tiradas no local e de pinturas ocidentais e orientais que mostram a relação entre paisagem e abstração e que mostram também como vemos com outros olhos as paisagens que já conhecemos através da pintura.
O desconhecido sempre tem um poder de mistério perturbador. E, através da contemplação da paisagem o observador vai se tornando mais sereno e passivo. Já não teria mais como readaptar-se à paisagem que deixou.
Podemos até nos transportar para essas referências que procuramos nos lugares que almejamos, dessa separação entre o lugar real e o lugar de sonho, a terra e o sol, o conhecido e o imaginado, o concreto e o abstrato, o interno e o externo.
As pegadas que deixamos e nos encaminhamos para os obstáculos sombrios, nos compensa com a luz após a travessia.

Nenhum comentário: